27 de março de 2007

Charles Baudelaire

"Embriague-se.
Somente isso importa: é o único problema!
Se não quer sentir o horrível peso do Tempo que pesa sobre os seus ombros e o esmaga, embriague-se sempre.
Com quê?
Com vinho, com poesia ou com virtude.
Com o que queira.
Porém embriague-se.
E se, por vezes, na escadaria de um palácio, ou na borda verdejante de um vale, ou na desolada solidão de seu quarto, despertar e sentir que a embriaguez se dissipou em parte ou totalmente, pergunte que horas são ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que voa, ou suspira ou se move, ou canta, ou baila...e o vento, a onda, a estrela, o pássaro e o relógio lhe responderão: É hora de embriagar-se!
Embriaguem-se todos, se não quiserem ser os escravos martirizados do Tempo!
Embriaguem-se sem cessar.
Com vinho, com poesia, com virtude, a seu bel-prazer!”