25 de julho de 2008

Debruçada ela poderia esconder que a casa era pequena demais
pra eles.
Ela, ainda de bruços, soluçava ao saber que era só no hoje que cabia
o plural.
Preferia, então, um desmaio dentro da luz que criara no seu varal imaginário.
Foi dormir.
Sem querer.
Apenas porque se deitou ao chão e se cobriu com sua manta preferida.
Era ela, ali, se esquecendo, de propósito, do singular, já que sonhava sempre
com eles.

9 de julho de 2008

É preciso um enterro. Necessário um escárnio. E uma grama bem verde e selvagem. E o vento soprando e um abismo pra quando acabar. E um balão de bola de fumaça de fogueira. E amor pra não se esquecer que existe o amor.

1 de julho de 2008

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Prosa de um bom novo dia
por Luiz Felipe Angulo Filho

Ouço o cheiro que esta fineza alcança, ao brilho eterno opcional dos diasde poesia: Se quero faço prosa, se não quero covardia.Não rimo mais minhas palavras pobres. Fui mesmo de prosa, abandonado da poesia. Mas esfrio-me de angústia às forças de linhas novas, em busca de gratidão ao meu novo dia. E, assim, sem querer as rimas se fazem, se encontram e atraem os olhos da leitura; Quero pensar que da vista faço o gosto, o sentimento e, alguma, literatura.Entrego ao tempo que foi também os nãos que minha boca serviu.Sou muito assim, meio Pastor de causas que compro, sincero e fiél. Se vou deprosa, não faço acordo com rima e deixo de contar as sílabas que meusdedos produzem. Preocupo-me agora com algum conteúdo, aproximar minha prosódia ao bom gosto e evitar de negar o que posso consentir.Ah... este monte de gente que se mexe enquanto proseio. São o mote de meus sentimentos. Tenho que alguns sequer sentiram o cheiro do dia, que pena... Faço reforço à opção que refiro-me em princípio, a opção de optar. Podes abjurar os tempos que se fazem nossos enquanto pisamos o chão, fazes-te um próprio objeto animado com a vantagem que morre um dia, a coisa persiste.Bom dia o de hoje para prosear.Acordei e continuo vivo, que alegria. São tantos os motivos que tenho aagradecer que medro por não conseguir fazer as outras coisas que tenho. Nãoposso fazer um ou outro, devo os dois. Por este caminho, aproveito a minha prosa para esconder ambas as atividades que devo: Em uma frase agradeço; Noutraadmiro.Tenho muita aflição por esta gente toda que anda sozinha. Podemesbarrar em um objeto qualquer e fazerem morrer aquilo que agradece por tudomais que o agressor! Mesmo que os pedaços persistam, talvez já esteja bom. Estimo, todavia, aqueles outros que choram de alegria por estarem, ainda, contrao vento dando licença aos sentidos.Quantos cortes de cabelo existem nestas cabeças? Já são de cores diferentes e de textura singular, uns parecem-se um pouco com outro, mas às vezes nem notam. Não sei que faço com estes todos, prefiro o dia que me mantém vivo e escrevendo. Prefiro o dia, ou a noite, aos donos destas cabeças de cabelos os mesmos. Guardo uma admiração secreta por estes, não posso contar o que, no entanto tenho por cada um uma avaliação completa de gênero, espécie e opção sexual. Que faço, se nem consigo manter a promessa de não usar o não? Já são vários nestas mesmas linhas, que já extrapolam o limite da compreensão. Portanto encerro, para evitar de fazero que não quero e volto ao meu ofício de continuar minha admiração.

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Palco
por Débora Aoni

Eu nasci para ficar no palco
Com luzes tão fortes, capazes de me cegar de tanta dor
Eu nasci para ficar sozinha
E viver sentimentos que não são meus
Pois os meus são demasiadamente desesperadores,
angustiantes, sólidos, frios
Eu nasci para viver o outro
E sofrer o outro
E sorrir o outro
E com isso
Achar uma luz para o meu próprio eu
No outro
Eu no outro
eu.
Soe uma luz tão forte, mas tão forte, que consiga, cega,
me levar para onde devo ir
para o palco da vida
da vida dos outros,
vivida tão viva por mim
meu corpo vai agüentar
minha mente vai entender
você aí, despeje-se sobre mim
estou aqui para te ter.

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Infinito
por Paula Cohen

O casal mais apaixonado do mundo foi comemorar o amor e morreu junto em um acidente fatal. Então eles entraram juntos na eternidade com o prazer de levar o amor para o sempre.