21 de julho de 2009

Ando apaixonada pela minha rua.
Ando a cultivá-la com tabaco.
Ando a polinizar o solo.
Ando a sumir em solos de tambores leves.

Ando apaixonada pela minha rua
que possui flores de espécie insegura
que caem amalgamando o piso correto.

(Ainda apaixonada pela minha rua
em cavacos desafinados,
sem mi maltratar)

Ando apaixonada pela minha rua
que insiste a passear sob mim
que nos dias chuvosos abre suas crateras sob mim
que anda sozinha sob mim
que sequer quer insistir e insiste:
que nas cordas de um violão
quem dançam são notas valentes.
Yin
Fêmea
Mulher
Gaya

Salve o ser ancestral!
Deixemos dilatar as veias viscerais sem o ópio do sistema capital.
Brindemos ao sangue que expulsa diferenças materiais.
Mamãe acordou um dia e estava morta!
Mamãe dorme picada por agulhadas inventadas por seres superiores de edifícios altos.
Mamãe, acorda! Venha sacudir o humano e nos presenteie novamente com o caos.
E seja uma lança em chamas e penetre rasgando meu peito inoculando o veneno da criação.
Masturbação coletiva. Saliva. Plantação. Peneirar nas saias.
Nua.
Que as tranças sejam lançadas nesse tempo cronológico e impróprio para a felicidade.
Que as bacias nas cabeças carreguem fetos de afetos nada discretos.
Venham as mulheres ébanas hécubas cândidas, de vontades cânones e carnais.
Que o afeto aniquile os vírus mortais.
Ó, líquidos vaginais, férteis solais uma melodia inacabada
Eternamente
Em corpos derramais as bênçãos dos orgasmos múltiplos que constroem os templos do amor concreto e poli-indiscreto.
A gaza, muros berlínicos e bélicos, golfos em golfinhos transformais.
Mamãe Gaya da essênciência líquida banhai o deserto de espécies humanas regando-as com gestos carinhosos.
Mamãe de filhos irmãos, será possível?
Inimigos, não aniquilem o mundo Daemon.
Venham ser absorvidos, não sumirás.
Viverás como nova cor compondo o caldeirão de fertilidade colostral.
Vocês todos estão convidados a mergulharem no rio de cheiros vaginais donde hão de renascer coloridos de virtudes e fraternos.
Meu deus que sou eu e que são vocês.
Agora podeis ver o que vejo, todos.
Agora podeis ver o que sou, já que agora o sois.
Gritos e zombarias. Orgias pela libertação.
Preso o medo e o ódio. Presos.
Ó mulher! És a chave e deixa de ser quando insiste na infertilidade das calças. Não desista de acordar.
Mãe-terra! Estou aqui para ser sua filha mais fiel. Eis que chegam novas irmãs e o universo respira.
Recomeça.
Venha o vento das danças das saias.
Nascimento.
Batucada.
Dança.
Mulher.
Se eu pudesse entendê-la...
Se tu pudesse dizê-la...
Se eles pudessem não vê-la...

Nem ela nem a outra

Se eu não pudesse fingí-la...
Se eu não pudesse engulí-la...
Se eu não pudesse dizê-la...

Nem dela nem da outra

Enquanto ela chega
ela adentra

és la direción

de una



ausência



és una sentença.


A doer.

9 de julho de 2009

Sou um pirão de cabeça
com cabeça de camarão.
De soja no forno
visto os estômagos,
sem legumes.
Mais tarde recarrego a retina
com imagens sensoriais
que vêm da tela grande.
À noite tento beijar um elefante,
tento me safar do obstáculo,
tento descansar num colo
e não dormir.
Bem acordo a esperar o acordo.
Saia daqui saco de nabo
e entre com o tremosso.
Um recado à/ao
Retina de futebol P&B:

poesia é que me escraviza

6 de julho de 2009

4 de julho de 2009

Sou a noite que se deita
a entristecer o calor dos mares
e a entulhar as marés sobre rochedos.
Entre o lugar do derradeiro e
a miríade do medo,
sou o elo em que ao fecundar
aproxima-se da neblina
e extravia o grito de um nascimento
pr'além.

3 de julho de 2009

Sou um sereia emaranhada nos cabelos dos príncipes da Rego Freitas.
Viro a cara pro sossego e canto
a adorar escafandristas de venenos espermáticos.
E na manhã que segue o dia de ontem,
já me encosto à sombra de um mar vertical.